Caíste indefesa no covil das cínicas facadas, sorte madrasta, vómito ritual… Prodígio fatimida, sol resplende. Porque não o comercializam em embalagens? - Abelha pelas flores sardinheiras, pródiga mantença. - Pelas traseiras, na praceta, passavam a cismar uns vultos sós. Lembro de que nossas filhas andavam longe: A arquitecta p’lo Mar Vermelho, a actriz por Barcelona. Minha mãe quebrava um braço na Costa Nova, quando arrancava flores. Isto por inícios de aulas, vaguejava o papa p’la Arménia. Acabávamos de ver O Carteiro de Pablo Neruda. E desabafava: Apostada em cuidar-me transes, companheira? - Sólida árvore coração, sólido ar teu olhar, sólida ternura meu amor. - Estremecimentos, meiguice, o todo morre-se-nos. Só somos divinos quando admiramos O Corpo Total dO Cristo, afiadíssima adaga até à alma. - Poetar é rezar, levar a céus e terra versos magoados; amor é animada ciência de ter Deus, sentido para quem abrasa a só candura; a música, a luz, a linguagem supõem intérprete; denote-se quanta fecundidade embebe o cosmo. - Portalegre, Museu da Tapeçaria: A caligrafia poética consiste em completa teia dia a dia tecida com os nós em lã das todas as cores que há por onde nadam algumas vivíssimas sanguíneas gotículas. - ‘O justo viverá pela fé…’ Como não cantar aquele a quem Deus basta? Homem, palavra, amor, que olhos rasos abre. Fé e decisão projectadas a alturas. Por ventura lhe falta algum quê? Não, supomos, a não ser transpor extremo fim. Tudo tem pois em Deus vive exaltante plenitude. Novos céus e terra proclame exuberantemente. É o homem completo a quem nenhum bem falta.
Caíste indefesa
ResponderEliminarno covil das cínicas facadas,
sorte madrasta,
vómito ritual…
Prodígio fatimida,
sol resplende.
Porque não o comercializam
em embalagens?
-
Abelha
pelas flores sardinheiras,
pródiga mantença.
-
Pelas traseiras, na praceta,
passavam a cismar uns vultos sós.
Lembro de que nossas filhas andavam longe:
A arquitecta p’lo Mar Vermelho,
a actriz por Barcelona.
Minha mãe quebrava um braço na Costa Nova,
quando arrancava flores.
Isto por inícios de aulas,
vaguejava o papa p’la Arménia.
Acabávamos de ver O Carteiro de Pablo Neruda.
E desabafava:
Apostada em cuidar-me transes, companheira?
-
Sólida árvore coração,
sólido ar teu olhar,
sólida ternura meu amor.
-
Estremecimentos,
meiguice,
o todo morre-se-nos.
Só somos divinos
quando admiramos
O Corpo Total
dO Cristo,
afiadíssima adaga
até à alma.
-
Poetar é rezar,
levar a céus e terra
versos magoados;
amor é animada ciência
de ter Deus,
sentido para quem abrasa a só candura;
a música, a luz, a linguagem
supõem intérprete;
denote-se quanta fecundidade
embebe o cosmo.
-
Portalegre, Museu da Tapeçaria:
A caligrafia poética
consiste em completa teia
dia a dia tecida com os nós em lã
das todas as cores que há
por onde nadam algumas
vivíssimas sanguíneas gotículas.
-
‘O justo viverá pela fé…’
Como não cantar aquele a quem Deus basta?
Homem, palavra, amor, que olhos rasos abre.
Fé e decisão projectadas a alturas.
Por ventura lhe falta algum quê?
Não, supomos, a não ser transpor extremo fim.
Tudo tem pois em Deus vive exaltante plenitude.
Novos céus e terra proclame exuberantemente.
É o homem completo a quem nenhum bem falta.